Assassin's Creed. Uma ficção não tão distante assim.
O dispositivo Animus acessa a memória que está contida em seu DNA, chamada de memória genética para poder reviver os feitos de seus antepassados. Parece loucura, certo? Mas e se eu te dissesse que isso não é tão loucura quanto parece? Ficou curioso? Então venha conferir...
O Jogo Assassin's Creed é um fenômeno mundial que conquistou milhões de fãs nos últimos anos. Agora a hype está alta com sua estréia nas telonas marcada para 14/12/2016. Então vamos aproveitar esta euforia e falar um pouco sobre o conceito por trás do jogo.
A ideia de uma memória genética de nossos antepassados parece um pouco absurda no começo, e não passaria de uma boa ficção científica. Entretanto, um artigo publicado em 2013 mostrou que ratos podem sentir medo de um cheiro sem nunca tê-lo sentido na vida, e esse medo se dá por problemas vividos por seus antepassados.
Para fazer tal descoberta, os pesquisadores condicionaram ratos de laboratório a sentir medo quando sentissem o cheiro de acetofenona, uma substância química, e viram que os filhotes destes ratos e, ainda, seus netos apresentavam o mesmo comportamento de medo, sem antes terem sidos condicionados para isso. Até aí, não existe uma grande novidade, pois este fenômeno já havia sido observado antes. O que realmente foi uma descoberta e tanto foi que os pesquisadores perceberam que o medo condicionado em seus ratos causavam marcas em seu DNA e estas marcas passaram entre as gerações através de seus gametas, fazendo seus descendentes sentirem o mesmo medo.
Esta associação com o medo se dá por marcações no DNA chamadas de marcas epigenéticas. Estas marcações se formam no DNA dos seres vivos por diversas razões, incluindo fatores ambientais. Do ponto de vista evolutivo isto é uma maneira fantástica de evitar uma área perigosa sem que se tenha entrado em contato com ela, evitando assim, a morte dos animais.
Agora, fazendo uma analogia com o jogo Assassin's Creed, detectar estas marcas no DNA do indivíduo significa que seus ancestrais enfrentaram algum tipo de problema enquanto aquele determinado odor estava presente. Porém, infelizmente, estas pesquisas foram apenas realizadas até a terceira geração dos roedores, então ainda não sabemos se estas marcas permanecem para sempre ou se em algum momento ao longo das gerações elas se dissipam e desaparecem.
Claro, ainda não é uma visão detalhada sobre o que os ancestrais dos ratinhos tinham feito e o que assustou tanto eles, mas como todo grande avanço científico rumo ao desconhecido, o primeiro passo foi dado. Quem sabe em um futuro não tão distante, haverá Animus nos quais nós poderemos ver o que nossos antepassados fizeram, viver como nossos antepassados viviam e agir como nossos antepassados agiam?
Gostou da notícia e quer dar uma olhada você mesmo no artigo científico? Então segue abaixo a referencia do artigo. Até a próxima matéria pessoal!
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Dias BG, Ressler KJ (2013) Parental olfactory experience influences behavior and neural structure in subsequent generations. Nat Neurosci. 17(1):89-96