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Morte das abelhas, drones polinizadores e o futuro do planeta: uma discussão BioHazard

Tem virado manchete nos últimos anos o fenômeno da morte em massa das abelhas, um dos principais polinizadores do planeta e tem se discutido muito sobre o impacto disso no ecossistema e nas nossas vidas. Agora, nesta quinta-feira (09/02/2017) foi publicado um artigo sobre a criação de drones que poderão auxiliar na polinização, uma vez que as abelhas estão em declínio. O que vocês acham de tudo isso? Venham com a BioHazard nadar mais afundo neste assunto.


Nos últimos anos notícias e mais notícias sobre o desaparecimento das abelhas começaram a aparecer nas mídias. A grande preocupação é: as abelhas são um dos principais polinizadores do mundo e se elas morrerem as árvores vão deixar de se reproduzir, os herbívoros não vão ter o que comer, os carnívoros não vão ter como se alimentar dos herbívoros e haverá um desequilíbrio devastador no ecossistema, causando a condenação completa todos os seres vivos, incluindo nós humanos. Para vocês terem uma noção, segundo a FAO 85% das árvores com flores em florestas e 70% em agricultura são dependentes de polinizadores naturais, como as abelhas.


Mas o que acontece é que de 1940 para cá, o número total de colmeias caiu pela metade. Estima-se que nos EUA um terço de todos os enxames morrem todos os anos, enquanto que na Europa houve um declínio de 50% só nos últimos 25 anos!


Pesquisadores do mundo inteiro tem se esforçado para descobrir as causas deste desaparecimento, que tem recebido o nome de Distúrbio de Colapso de Colônia (CDD - Colony collapse disorder). Algumas das suspeitas são de agentes patógenos. Um vírus identificado, chamado popularmente de vírus da asa deformada, tem como vetor um ácaro e é capaz de matar colmeias inteiras. Entretanto, cada vez mais pesquisas indicam que esta não é a principal causa, e sim o uso imprudente e descontrolado de agrotóxicos.

Um estudo realizado por pesquisadores da UNESP de Rio Claro e da UFSCar detectou que 70% dos casos de morte das abelhas estava associado ao uso indevido de agrotóxicos. “Eles usam, por exemplo, acima do recomendado, eles usam em locais em que não deveria ser usado, eles misturam muito os produtos e toda vez que você vai fazer uma aplicação você não pode misturar o produto", disse o biólogo Osmar Malaspina. Outro estudo, publicado na PlosOne, verificou a presença de uma imensa quantidade de contaminação por pesticidas e fungicidas do pólen recolhido pelas abelhas para servir de alimento para sua colmeia. Quando os pesquisadores alimentaram abelhas saudáveis com este pólen verificaram que elas se tornaram muito mais propensas a serem infectadas pelo vírus Nosema ceranae, vírus relacionado com os casos de CDD.


Na tentativa de atenuar o problema das abelhas, pesquisadores japoneses publicaram ontem (09/02) na revista Chem o que parece ser solução para este problema: a criação de um drone que teria como objetivo trabalhar lado a lado com as abelhas durante a polinização das plantas. O drone consegue realizar a polinização graças a uma camada de gel e pelos de cavalo, em sua parte inferior, que resultam em um material grudento, capaz de coletar o pólen de uma flor e deposita-lo em outra.



Mas será essa mesmo a resposta?


Primeiramente, ao meu ver, apesar de a ideia ser nobre ela pode trazer mais prejuízos do que benefícios a longo prazo. Apesar de o pesquisador chefe, Eijiro Miyako, dizer “que os drones devem trabalhar junto com as abelhas”, não é nada difícil de imaginar que a mente humana resolva que as abelhas “não são mais necessárias”. Isto é parecido com uma frase que ouvi uma vez: “se ao menos as árvores oferecessem algo útil, como wifi por exemplo, as pessoas se importariam mais com elas”.


Outra questão é a viabilidade econômica e funcional de tal projeto. Atualmente, cada drone é controlado manualmente via rádio, mas Miyako diz que estão trabalhando para automatizar os drones e fazê-los reconhecer padrões de polinização para trabalhar automaticamente. Entretanto, Saul Cunningham adverte que “se você pensar em uma produção amêndoa, por exemplo, existem pomares que se estendem por quilômetros, e cada árvore pode carregar até 50.000 flores. Então a escala em que os drones deveriam trabalhar seria absurda”. Além da demanda de drones necessários para este trabalho, no qual, hoje em dia custariam 100 dolares cada um.


Porém, o maior problema desta ideia é o desvio de foco da real questão envolvendo as abelhas. O uso abusivo e descontrolado dos agrotóxicos. Os agrotóxicos muito complexo: envolve bilhões e bilhões de dólares, é praticamente impossível de tira-los completamente de circulação e além do mais, você vai encontrar pessoas que defendem com unhas e dentes seu uso, e pessoas que se recusam a tocar em produtos com agrotóxicos. Desta maneira, o uso dos agrotóxicos precisa ser seriamente debatido pelas grandes corporações e pelos governos e mais pesquisas precisam ser exaustivamente feitas, buscando-se encontrar alternativas nesta área e maneiras mais sustentáveis de se realizar o manejo das plantações.


As abelhas estão desaparecendo e a culpa disso é toda nossa! Precisamos urgentemente compreender e tentar resolver este problema antes que seja tarde demais...

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