O Paradoxo de Fermi - Onde está todo mundo?
Texto original de The Wait But Why. Por autoria de Tim Urban.
Traduzido pela BioHazard.
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Todo mundo sente algo quando estão em algum lugar com um lindo céu estrelado, olha para cima e vê isto:
Algumas pessoas ficam com o tradicional, sentindo-se atraídas por essa beleza épica, enquanto outras piram com a imensidão do universo. Eu, pessoalmente, vou com a velha “crise existencial seguida por agir de maneira estranha pela próxima meia hora”. Mas todas as pessoas sentam algo.
O físico Enrico Fermi sentiu algo também: “Onde está todo mundo?”
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Um céu estrelado parece imensamente vasto, mas nós estamos olhando apenas para a nossa vizinhança próxima. Nas melhores noites, podemos ver até 2.500 estrelas (aproximadamente um centésimo de milionésimo das estrelas da nossa galáxia), e quase todas elas estão a menos de 1.000 anos luz de nós (ou 1% do diâmetro da Via Láctea). Então o que nós realmente vemos é isto aqui:
Quando nos deparamos com assuntos como estrelas e galáxias, a questão que atormenta a maioria das pessoas é “existe outras vidas inteligentes por ai?” Então vamos fazer algumas contas...
Para cada estrela em nossa galáxia (100 – 400 bilhões), existem aproximadamente um número semelhante de galáxias no universo observável – então para cada estrela na colossal Via Láctea existe uma outra galáxia inteira por aí. Somando tudo isso, nos temos o intervalo tipicamente calculado de 10^22 a 10^24 estrelas no universo observável, o que significa que para cada grão de areia em cada praia da Terra existem 10.000 estrelas.
A comunidade científica não está em total acordo sobre a porcentagem destas estrelas que são parecidas com o sol (tamanho, temperatura e luminosidade semelhantes). As opiniões variam entre 5 e 20%. Caminhando juntamente com os mais conservadores (5%), e o menor número de calculado de estrelas (10^22), nós temos 500 quintilhões, ou 500 bilhões de bilhões de estrelas parecidas com o sol.
Existe ainda um debate sobre qual porcentagem destas estrelas poderiam estar sendo orbitadas por planetas parecidos com a Terra (com temperaturas que permitam a formação de água líquida e potencial suporte para a vida, semelhante as da Terra). Alguns dizer que este número é tão grande quanto 50% das estrelas, mas vamos com os mais conservadores que estimam 22%, valores de um estudo da revista científica PNAS. Isto sugere que potencialmente exista planetas parecidos com a Terra orbitando 1% do total de estrelas no universo observável. Um total de 100 bilhões de bilhões de planetas parecidos com a Terra.
Então, há 100 planetas parecidos com a Terra para cara grão de areia no planeta. Pense nisso da próxima vez que você for à praia.
A partir daqui nós apenas podemos ser especulativos. Vamos imaginar que após bilhões de anos de existência, 1% destes planetas desenvolveram vida (se isso for verdade, cada grão de areia representaria um planeta com vida). Agora imagine que em 1% destes planetas a vida avance até atingir um nível de inteligência como aconteceu aqui na Terra. Isto significaria que existiriam 10 quadrilhões, ou 10 milhões de bilhões de civilizações inteligentes no espaço observável.
Voltando para apenas nossa galáxia, e fazendo a mesma conta na menor estimativa da quantidade de estrelas da Via Láctea (100 milhões), nos estimaríamos que existem 1 bilhão de planetas parecidos com a Terra e 100.000 civilizações inteligentes na nossa galáxia.
O SETI (Search for Extraterrestrial Inteligence – Busca por Inteligência Extraterrestre) é uma organização dedicada a ouvir sinais de outras vidas inteligentes. Se nós estivermos certos que há 100.000 civilizações inteligentes em nossa galáxia, e mesmo que apenas uma fração delas esteja mandando sinais de rádio ou laser, ou outros modelos na tentativa de entrar em contato com outras civilizações, os satélites da SETI não deveriam estar pegando diversos os tipos de sinais?
Mas não estão. Nenhum. Nunca.
Onde está todo mundo?
Isto fica mais estranho ainda. Nosso sol é relativamente jovem na história do universo. Existem estrelas bem mais velhas com planetas semelhantes a Terra bem mais antigos, o que deveria, em teoria, significar civilizações bem mais avançadas que a nossa. Como um exemplo, vamos comparar nosso planeta Terra de 4.54 bilhões de anos com o planeta hipotético Planeta X, de 8 bilhões de anos.
Se o planeta X tem uma história similar à da Terra, vamos olhar onde a civilização estaria hoje:
A tecnologia de uma civilização apenas 1.000 anos na nossa frente seria tão chocante para nós quanto nosso mundo seria para alguém da era medieval. Agora, uma civilização um milhão de anos na nossa frente, talvez seja tão incompreensível para nós quanto a cultura humana é para os chimpanzés. E o Planeta X esta 3.4 bilhões de anos a nossa frente...
Existe uma escala chamada Escala de Kardavesh, que nos ajuda a agrupar as civilizações inteligentes em três grandes categorias pela quantidade de energia que elas usam.
A civilização do Tipo I possui a habilidade de usar toda energia de seu planeta. Nós ainda não somos uma civilização do Tipo I, mas estamos próximos (Carl Sangan criou uma fórmula para esta escala que nos coloca em uma civilização do Tipo 0.7).
A civilização do Tipo II consegue aproveitar toda a energia de seu sol. Nosso mero cérebro Tipo I dificilmente consegue imaginar como alguém faria isso, mas nós damos nosso melhor imaginando coisas como a esfera Dyson.
A civilização do Tipo III ganha de lavada das outras duas, obtendo poderes de energia comparáveis a Via Láctea inteira.
Se este nível de avanço é difícil de acreditar, lembrem-se que o Planeta X está com 3.4 bilhões de anos de desenvolvimento na nossa frente. Se a civilização do planeta X for similar a nossa e foram capazes de sobreviver até o Tipo III, o pensamento natural seria de que eles provavelmente já teriam dominado a viagem interestelar, possibilitando até a colonização de toda a galáxia.
Uma hipótese de como a colonização da galáxia poderia ocorrer seria criando uma maquinaria que pode viajar para outros planetas, passar 500 anos mais ou menos se auto replicando, usando a matéria prima do novo planeta e mandar outras duas cópias para fazer a mesma coisa. Mesmo viajando muito abaixo da velocidade da luz, este processo seria capaz de colonizar toda a galáxia em 3.75 milhões de anos, um piscar de olhos quando se trata de uma escala de bilhões de anos:
Continuando nossa especulação, se 1% da vida inteligente sobrevivesse tempo suficiente para se tornar uma civilização Tipo III potencial colonizadora de galáxias, nossos cálculos sugerem que deveria haver pelo menos 1.000 civilizações tipo III apenas na nossa galáxia e dado o poder de tal civilização, sua presença provavelmente seria bem fácil de ser notada. Ainda assim. Nós não vemos nada, não ouvimos nada e não somos visitados por ninguém.
ONDE ESTÁ TODO MUNDO??
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Bem-vindo ao paradoxo de Fermi!
Nós não temos resposta para o paradoxo de Fermi. O melhor que podemos fazer é pensar em possíveis explicações. Ainda mais, se você perguntasse a dez cientistas diferentes o que eles acham ser a explicação correta você terá dez respostas diferentes. Sabe quando você ouvia sobre as pessoas do passado que debatiam sobre se a Terra era redonda ou se o sol girava em torno da Terra, ou ainda se pensavam que os raios aconteciam graças a Zeus e você as achava tão primitivas? É mais ou menos onde estamos sobre este assunto.
Vamos dar uma olhada em algumas das possíveis explicações mais discutidas sobre o paradoxo de Fermi. Para isso vamos dividi-las em duas grandes categorias: aquelas que assumem que não há sinais de civilizações II e III pois elas não existem e aquelas que assumem que elas estão por aí, mas nós não as vimos ou ouvimos por outras razões.
Explicações do grupo 1: Não existem sinais de civilizações Tipos II e III pois elas não existem.
Aqueles que adotam as explicações do grupo 1 apontam para algo chamado de problema da não-exclusividade, que rejeita qualquer teoria que diga “Existem tais civilizações, mas nenhuma dela fez nenhum contanto porque todas elas...”. Estas pessoas olham matematicamente, dizendo que deveria haver tantas civilizações II ou III (milhares ou milhões), que pelo menos uma delas seria uma exceção a regra. Mesmo que uma teoria valha para 99,99% das civilizações, os outros 0,01% agiriam diferente e nós teríamos conhecimento de suas existências.
Portanto, segundo as explicações do grupo 1, não deve haver nenhuma civilização super avançada. E como a matemática sugere que deveria haver milhares delas só em nossa galáxia alguma coisa a mais deve estar acontecendo.
Esta coisa é chamada de O Grande Filtro.
A teoria do Grande Filtro diz que em algum ponto entre a pré-vida e a civilização do tipo III existe um muro em que todas ou quase todas as tentativas de vida batem. Existe algum estágio no longo processo evolucionário no qual é extremamente difícil ou impossível para a vida ir além. Este estágio é o grande Filtro.
Se esta teoria for verdade, a grande pergunta é: onde na história está localizado o grande filtro?
Acontece que quando se trata do destino da humanidade esta pergunta é muito importante. Dependendo de onde o grande filtro está, existem três possibilidades: nós somos raros, nós somos os primeiros ou nós estamos fodidos.
1. Nós somos raros (O grande filtro está atrás de nós)
Uma esperança que nós temos é que de o grande filtro está atrás de nós (nós conseguimos ultrapassá-lo), o que significaria que é extremamente raro para a vida atingir nosso nível de inteligência. O diagrama abaixo mostra um caso em que apenas duas espécies conseguiram isso, e nós somos uma delas.
Este cenário explicaria o porque não há nenhuma civilização Tipo III... mas também que nós somos uma das poucas exceções que conseguiram chegar tão longe. Isso significaria que nós temos esperança. A grosso modo, isto soa um pouco como quando as pessoas, a 500 anos atrás, sugeriam que a Terra é o centro do universo. Isto implica que nós somos especiais. Entretanto, algo que os cientistas chamam de “efeito de seleção de observação” sugere que quem pondera a própria “raridade” é inerentemente parte de uma história de vida inteligente de sucesso. E que eles sendo raros ou comuns, os pensamentos que eles têm e conclusões que eles criam serão idênticos. Isso nos força a admitir que ser especial é, pelo menos, possível.
E se nós somos especiais, quando exatamente nós nos tornamos especiais? Em outras palavras, que muro nós ultrapassamos que todo o resto geralmente fica preso?
Uma possibilidade: o Grande Filtro pode estar bem no início e pode ser incrivelmente incomum a vida ocorrer.
Este pode ser um candidato pois levou mais um menos um bilhão de anos da vida da Terra para finalmente acontecer e porque nós tentamos exaustivamente replicar estes eventos em laboratório e nunca fomos capazes. Se este for realmente o Grande Filtro, significa que não apenas não há vida inteligente no universo, pode não haver vida alguma.
Outra possibilidade: o Grade Filtro pode ser o salto de simples células procariotas para as complexas células eucariotas.
Depois que os procariotos surgiram, eles permaneceram assim por 2 bilhões de anos antes do pulo evolucionário de possuir um núcleo. Se este é o Grande Filtro, isto significaria que o universo está repleto de simples células procariotas e praticamente nada além disso.
Existem várias outras possibilidades, alguns até pensam que o salto mais recente que fizemos para nossa inteligência atual é um candidato a Grande Filtro. Enquanto que o salto de uma vida semi-inteligente (chimpanzés) para uma inteligente (humanos) não parece algo miraculoso em primeira instância, Steven Pinker rejeita a ideia de uma inevitável escalada da evolução: “Uma vez que a evolução não busca um objetivo, mas simplesmente acontece, ela usa a adaptação mais favorável para um dado nicho ecológico", e o fato de que na Terra isto levou a inteligência tecnológica apenas uma vez sugere que este resultado da seleção natural é raro e, consequentemente, não significa algum certo estágio evolutivo da árvore da vida.
A maioria dos saltos não se encaixam como candidatos a Grande Filtro. Qualquer possível Grande Filtro deve ser algo do tipo “um em um milhão”, onde uma ou algumas ocorrências totalmente bizarras precisam acontecer para ocorrer uma exceção. Por esta razão, algo como o salto da unicelularidade para a pluricelularidade está fora de questão, pois isto ocorreu 46 vezes, em casos isolados só aqui na Terra. Pela mesma razão, se nós achássemos células eucariotas fossilizadas em Marte, isto eliminaria o salto “procarioto para eucarioto” como possível Grande Filtro (assim como qualquer coisa antes deste evento). Porque se isto tivesse ocorrido tanto na como na Terra como em Marte, é praticamente certo que não é uma ocorrência “uma em um milhão”.
Se nós somos realmente raros, pode ser graças a um evento biológico casual, mas também pode estar associado ao que se conhece como “hipótese da Terra rara”, que sugere que mesmo que haja vários planetas parecidos com a Terra, as condições particulares de nosso planeta, seja a relação com as especificidades do sistema solar, com a lua (uma lua tão grande para o tamanho de um planeta, como a nossa, contribui para nosso clima e condições oceânicas), ou algo sobre nosso próprio planeta, são excepcionalmente favoráveis para a vida.
2. Nós somos os primeiros
Para os adeptos as teorias do grupo 1, se o Grande Filtro não está atrás de nós, nossa única esperança é de que as condições do universo são recentes e pela primeira vez desde o Big Bang é possível surgir um lugar propício para o desenvolvimento da vida inteligente. Neste caso, nós e muitas outras espécies estamos a caminho de uma superinteligência, e isto apenas ainda não aconteceu. Aconteceu de estarmos aqui na hora certa de ser uma das primeiras civilizações superinteligentes.
Um exemplo de um fenômeno que pode tornar isto mais realista é a prevalência da explosão de raios-gama, explosões imensas que nós observamos em galáxias distantes. Da mesma forma que ocorreu na Terra algumas centenas de milhões de anos antes dos asteroides e vulcões diminuírem e a vida se tornar possível, pode ser que o começo da existência do universo fosse cheio de eventos cataclísmicos como explosões de raios gama que eliminam qualquer coisa ao redor de tempos em tempos, prevenindo que qualquer forma de vida ir além de certo estágio. Agora, talvez, nós estamos no meio de uma fase de transição astrobiológica e foi a primeira vez que alguma vida foi capaz de ir tão longe, ininterruptamente.
3. Nós estamos fodidos (o Grande Filtro está à nossa frente).
Se nós não somos nem raros, nem um dos primeiros, os adeptos as teorias do grupo 1 concluem que o Grande Filtro tem que estar no nosso futuro. Isto sugeriria que a vida regularmente evolui até onde nós estamos, mas algo evita que a vida vá muito mais afrente e alcance a superinteligência na maioria dos casos e é improvável que nós seremos uma exceção.
Um possível Grande Filtro pode ser um evento cataclísmico natural, como as já mencionadas explosões de raios-gama, exceto que infelizmente elas ainda não ocorreram e é só uma questão de tempo antes que toda vida na Terra seja eliminada. Outro candidato é a possível inevitabilidade de que toda civilização inteligente acaba por se autodestruir, quando atingem certo nível de tecnologia.
É por isso que o filósofo Nick Bostrom, da universidade de Oxford diz que “nenhuma notícia será boa”. Até mesmo a descoberta de uma forma de vida simples me Marte seria devastadora, pois isto eliminaria uma série de possíveis grandes filtros atrás de nós. E se nós acharmos vidas complexas fossilizadas em Marte “seria de longe a pior notícia impressa nas páginas dos jornais” diz Bostrom, pois significaria que o Grande Filtro está praticamente na nossa frente, finalmente condenando a espécie. Bostrom acredita que quando se trata do paradoxo de Fermi “o silêncio do céu noturno é como ouro”.
Explicação do Grupo 2: Civilizações inteligentes do Tipo II e III estão por aí e há razões lógicas do porque nós ainda não as encontramos.
As explicações do grupo 2 eliminam qualquer noção de que nós somos raros, especiais ou os primeiros em alguma coisa. Pelo contrário, elas acreditam no princípio da mediocridade, no qual o ponto de partida se dá de que nada é incomum ou raro em nossa galáxia, sistema solar, planeta ou nível de inteligência, até que se prove o contrário. Elas ainda são muito menos adeptas a assumirem que a falta de evidência de civilizações de inteligência superior é uma evidência de que elas não existem, enfatizando o fato de que nossos sinais de busca alcançam apenas 100 anos luz de distância de nós (0.1% de nossa galáxia) e sugerem diversas possíveis explicações. Aqui estão 10 delas:
Possibilidade 1: Uma vida superinteligente pode muito bem ter visitado a Terra, mas antes de nós estarmos aqui.
Seres humanos sencientes estão por aí a uns 50.000 anos, praticamente um piscar de olhos. Se algum contato ocorreu antes disso, talvez tenha apenas assustado alguns patos e feito eles correrem para a água. Além do mais, o registro histórico vai até aproximadamente 5.500 anos atrás, então pode ser que alguma tribo do passado possa ter vivenciado algum contato maluco com alienígenas, mas eles não tiveram como contar a ninguém sobre isso.
Possibilidade 2: A galáxia já foi colonizada, mas nós vivemos em algum tipo de área rural desolada dela.
As Américas podem ter sido colonizadas pelos Europeus bem antes que qualquer um da pequena tribo Inuit do norte do Canada tivesse percebido. Pode ser que haja um centro urbanizado de moradias interestelares de espécies mais avançadas no qual todos os sistemas solares vizinhos estejam colonizados e em comunicação e não teria motivos para alguém vir tão longe onde vivemos.
Possibilidade 3: Todo o conceito de colonização é um hilário conceito retrógrado para espécies mais avançadas.
Você se lembra da imagem da esfera criada em volta do sol pelas civilizações do Tipo II? Com toda essa energia, eles podem ter criado um ambiente perfeito para eles que satisfaça tudo que eles precisam. Eles podem ter criado formas estranhamente avançadas de reduzir suas necessidades por recursos e não há nenhum interesse em deixar sua utopia para explorar o frio, pouco desenvolvido e vazio universo.
Uma civilização ainda mais avançada pode ainda achar o mundo físico um lugar horrível e primitivo, e há muito tempo atrás dominaram a própria biologia e carregaram seus cérebros em realidades virtuais e paraísos de vida-eterna. Viver no mundo físico da biologia, da mortalidade, da ambição e da necessidade pode parecer para eles o que parece para nós quando nós pensamos em espécies primitivas do oceano vivendo em mares escuros e gelados. Só para você saber, pensar que alguma espécie superou a mortalidade me deixa com muita inveja.
Possibilidade 4: Existem predadores assustadores lá fora, e a maioria das vidas inteligentes sabem que é melhor não emitir qualquer sinal e denunciar sua localização.
Este é um conceito desagradável e ajudaria e explicar a falta de sinais recebidas pelos satélites da SETI. Isto também significa que nós somos seres super ingênuos que estão sendo inacreditavelmente estúpidos por mandar sinais para o espaço. Existe um debate sobre se nós devíamos ou não manter o METI (Messaging to Extraterrestrial Inteligence – Mensagem para Inteligência Extraterrestre; o oposto da SETI) e a maioria das pessoas diz que nós não devemos. Stephen Hawking alerta que “se alienígenas nos visitassem, o resultado provavelmente seria como foi quando Colombo chegou as Américas, o que não foi bom para os índios nativos”. Até mesmo Carl Sagan (um crente de que qualquer civilização avançada o suficiente para realizar viagens interestelares seria altruísta e não hostil) chamou o METI de uma prática “profundamente imatura e imprudente” e recomendou que “uma ‘criança’ num cosmo estranho e incerto deveria ouvir em silêncio por um longo período aprendendo pacientemente sobre o universo antes de se revelar para uma selva desconhecida da qual nós não compreendemos. Assustador...
Possibilidade 5: Existe apenas uma única vida superinteligente, uma civilização superpredadora (como nós humanos na Terra), que é muito mais avançada que qualquer outra e se mantem deste jeito eliminando toda vida inteligente que atingir determinado nível de inteligência.
Isso seria uma droga. Da forma que parece, isto é uma maneira ineficiente de desperdiçar recursos exterminando toda vida inteligente emergente, até porque provavelmente a maioria se autodestrói. Mas passado certo ponto, super-seres podem fazer coisas e, por causa deles, uma espécie inteligente se torna como um vírus, se reproduzindo e se espalhando. Esta teoria sugere que quem quer que fosse a primeira espécie a se tornar superinteligente ganhou e agora ninguém mais tem chance. Isto explicaria a falta de atividade lá fora.
Possibilidade 6: Existem várias atividades ocorrendo lá fora, mas nossa tecnologia é muito primitiva e nós estamos ouvindo as coisas erradas.
Assim como entrar em um escritório moderno, ligar um walkie-talkie, e quando você não ouve nada (porque ninguém está usando isto), você determina que o escritório está vazio. Ou, talvez, como Carl Sangan apontou, pode ser que nossas mentes funcionem exponencialmente mais rápido ou mais devagar que outras formas de inteligência (por ex: elas dizem “Oi” mas parece apenas barulho para nós).
Possibilidade 7: Nos estamos recebendo contato de outras vidas inteligentes, mas o governo esconde de nós.
Quanto mais eu aprendo sobre o assunto, mais essa possibilidade parece improvável, mas eu precisava menciona-la porque ela é muito citada.
Possibilidade 8: Civilizações mais avançadas sabem da nossa existência e estão nos observando (Conhecida como a “hipótese do zoológico”).
Até onde nós sabemos, civilizações superinteligentes podem existir em uma galáxia super controlada e a Terra é tratada como um vasto parque nacional protegido com uma rigorosa regra de “olhe mas não toque”. Nós não notaríamos eles, pois se uma espécie bem mais inteligente que a nossa quisesse nos observar elas saberiam como fazer sem que nós percebamos. Talvez exista uma regra parecida a do filme Star Trek, a Prime Directive¸ na qual proíbe vidas superinteligentes de fazer contato com espécies inferiores como nós, ou se revelar de qualquer forma, até que estas espécies atinjam um certo nível de inteligência.
Possibilidade 9: Civilizações avançadas estão aqui, a nossa volta, mas somos muito primitivos para percebe-las.
Michio Kaku resumiu isto dessa forma:
“Vamos dizer que há um formigueiro no meio da floresta. E do lado do formigueiro estão construindo uma super estrada de dez pistas. A pergunta é: As formigas conseguiriam compreender o que é uma super estrada de dez pistas? As formigas conseguiriam compreender a tecnologia e a intensões de quem construiu a estrada ao lado delas?
Então não é que nós não conseguimos captar os sinais do Planeta X usando nossa tecnologia, é que nós não conseguimos sequer compreender o que são os seres do Planeta X ou o que eles estão tentando fazer. Está tão além de nós que mesmo que eles quisessem nos instruir, seria como tentar ensinar as formigas sobre internet.
Junto com estas questões, deve haver uma resposta para “se há tantas civilizações Tipo III, porque elas não nos contataram ainda?” Para responder isto, vamos nos perguntar: quando Pizarro foi até o Peru ele parou para tentar se comunicar com um formigueiro? Ele foi generoso tentando ajudar as formigas? Ele foi hostil e atrasou sua missão para destruir o formigueiro? Ou o formigueiro era de total irrelevância para Pizarro? Esta pode ser nossa situação por aqui.
Possibilidade 10: Nós estamos completamente errados sobre nossa realidade.
Existem várias possibilidades das quais nós podemos estar completamente errados sobre qualquer coisa que pensamos sobre o assunto. O universo pode parecer uma coisa e ser completamente outra, como um holograma. Ou talvez nós somos os alienígenas e fomos colocados na Terra como um experimento ou uma forma de fertilizantes. Existe até mesmo a chance de que somos apenas uma simulação de computador de algum pesquisador de outro planeta e que outras formas de vida simplesmente não foram programadas.
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À medida que continuamos com nossa busca por inteligência extraterreste eu não tenho certeza sobre o que eu espero. Francamente, descobrir que estamos oficialmente sozinhos no universo ou que temos companhia de outras espécies seria assustador e de enlouquecer.
Além do componente de ficção científica, o Paradoxo de Fermi também me torna profundamente humilde. Não apenas a humildade normal de “Ah, eu sou microscópico e minha vida dura apenas três segundos” que o universo sempre dispara. O Paradoxo de Fermi traz uma humildade mais trabalhada, mais pessoal, uma que ocorre apenas quando se gasta horas e horas de pesquisa ouvindo os mais renomados cientistas apresentarem insanas teorias, mudarem de ideia de novo e de novo, e se contradizerem o tempo todo, lembrando-nos de que as gerações futuras olharão para nós da mesma maneira que nós olhamos para as gerações mais antigas que tinham certeza que as estrelas eram a parte inferior da cúpula do céu e pensarão “nossa, eles realmente não tinham ideia do que estava acontecendo”.