A guerra dos vírus
Enquanto diversos filmes retratam guerras intergalácticas e entre super-heróis, guerras microscópicas acontecem ao nosso redor e nós nem nos damos conta disso. Alguns vírus chamados de virófagos atacam outros vírus que tentam infectar seus hospedeiros e às vezes, até os protegem contra outros ataques virais.
Vírus virófagos são vírus de DNA dupla-fita que infectam outros organismos, mas apenas conseguem se reproduzir quando ocorre a co-infecção com outro tipo de vírus, geralmente do grupo dos vírus gigantes da família Mimiviridae.
Um trabalho publicado agora, em dezembro de 2016, por Fischer e Hackl estudou a interação entre um protista marinho (Cafeteria roenbergensis – um organismo eucarioto unicelular), e dois vírus, o vírus gigante CroV e o vírus virófago Mavirus. Estes cientísticas fizeram a co-injeção destes dois vírus e relataram que nesta espécies de protista o Marírus protege os indivíduos ao redor do indivíduo contaminado. Mas como?
O mavírus integra seu DNA no genoma da organismo hospedeiro e permanece em estágio de dormência. Quando o vírus gigante infecta este organismo, sua maquinaria de reprodução sem querer acaba por também produzir novos virófagos. Infelizmente (ou felizmente, dependendo do ponto de vista) este protista está fadado a morte ocorrendo a liberação tanto do CroV quanto do Mavírus. Como a reprodução dos novos virófagos começa em um estágio tardio da reprodução dos vírus gigantes eles ainda não conseguem interferir neste processo. Porém, quando ambos infectam um novo organismo, os Mavírus que agora estão ativos evitam a replicação dos vírus gigantes, evitando assim a disseminação da doença para outros indivíduos da população.
Alem deste caso, diversos outros virófagos são conhecidos hoje em dia, como por exemplo os virófagos Sputnik, Organic Lake e Zamilon, todos eles dependendo da infestação de um outro vírus para poder se reproduzir. Entretanto, este foi o primeira trabalho que demonstrou a inserção de DNA do virófago no genoma de seu protista hospedeiro.
Hoje em dia os pesquisadores discutem se a morte do protista para a liberação de virófagos ativos seria um ato altruísta, para evitar a contaminação da colônia como um todo. Existem diversos processos de morte celular programada que causam a chamada apoptose quando a célula se encontra com algum problema ou infecção que são conhecidos, porém alguns pesquisadores ainda são contra a ideia de altruísmo em organismos não-humanos e principalmente em organismos unicelulares.
O que você acha desta ideia altruísta? Você concorda com ela?
Lembrem-se: há um universo microscópico imenso a nossa volta, nós só precisamos “abrir nossos olhos”
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