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A biologia de um dragão – parte 4: O dragão da montanha

Semana passada vimos como o mito dos dragões chineses surgira e o impacto dos dragões da floresta no homem moderno, com a apresentação do fogo. Agora, neste último capítulo dessa nossa incrível jornada em um mundo onde os dragões pudessem ter existido, os dragões finalmente voltam a dominar os céus. Se você não acompanhou as outras partes pode encontrar a parte I aqui, a parte II aqui e a parte III aqui.


Da mesma maneira que algumas populações de dragões marinhos deixaram os mares para novamente caminhar sobre a terra nos bambuzais chineses, outras populações tomaram o mesmo rumo no leste europeu, mais especificamente na Romênia. Estes dragões saíram da água e caminharam em direção as montanhas. Suas asas voltaram a crescer, tornando-se imponentes e mais uma vez os dragões voltaram a voar.


As proteínas anti-congelantes presentes na corrente sanguínea desde os dragões marinhos que habitavam os mares gelados do ártico auxiliaram os dragões da montanha a conseguir sobreviver nos cumes gelados das montanhas, onde a neve era eterna. A câmara de voo, permitia aos dragões da montanha cuspir fogo e, juntamente com os ossos pneumáticos, possibilitava seu voo. Assim como seus antepassados pré-históricos, eles deveriam calcular precisamente a quantidade de fogo liberado, uma vez que o hidrogênio que servia como combustível era o mesmo que auxiliava em sua flutuação.


As fêmeas dos dragões da montanha, dentre todas as espécies de dragão, eram as que mais investiam no cuidado parental. Elas entravam em período reprodutivo uma vez por ano, porém, acasalavam-se apenas uma vez a cada sete anos, pois este era o tempo em que ficavam cuidando de sua prole, de dois a três filhotes. O macho, por sua vez, ficava junto apenas durante o tempo de incubação dos ovos, revezando o tempo de cuidado e de caça com a fêmea. Porém, eles tinham um motivo muito especial para fazer isto. Da mesma maneira que algumas espécies de tartaruga, os filhotes dos dragões da montanha não nascem com sexo definido, sendo este determinado de acordo com a temperatura do ambiente. Ambientes mais frios (por volta de 40ºC) eram mais propensos ao nascimento de fêmeas e ambientes mais quentes (por volta de 60ºC) eram mais propensos ao nascimento de machos. Como estes animais viviam em temperaturas abaixo de zero, as fêmeas construíam uma espécie de forno com as pedras que encontravam e mantinham seus os ovos aquecidos dentro com seu fogo. Quando a fêmea saia para caçar, deixando os ovos em cuidado do macho, ele diminuía o fogo do “forno” em uma tentativa de forçar o nascimento de fêmeas, evitando assim, uma possível competição futura por território e comida. Entretanto muitas vezes a temperatura era abaixada para níveis críticos, que acabavam por levar a morte do embrião.


O ritual de acasalamento dos dragões das montanhas é até hoje uma das coisas mais bonitas que alguém poderia ver. Primeiramente, quando a fêmea entrava em seu período reprodutivo, diversos materiais brilhantes eram coletados e colocados nos cumes das montanhas. Os dragões machos são particularmente fascinados por itens brilhantes como ouro e prata (fascínio esse retratado por várias histórias, como por exemplo O Hobbit). Quando um casal se encontrava, uma manobra área chamada de dança dos dragões acontecia. Nessa dança, os dragões se agarravam com suas patas traseiras e voavam a uma altura inimaginável. De repente, entravam em queda livre e, para demonstrar confiança um com o outro, soltavam-se apenas no último segundo antes do choque com o chão. Se nenhum dos dois dragões se soltasse antes, a dança estava completa e os dragões acasalavam-se. Caso contrário, a fêmea teria que aguardar mais um ano para tentar novamente.


Durante a idade média, período no qual os feudos estavam se tornando cada vez maiores. Os homens começaram a ocupar os terrenos de caça dos dragões da montanha, passando a criar seus rebanhos ali. Desta maneira, os dragões passaram a atacar as cidades e, principalmente, roubar os rebanhos de ovelhas, porcos e gados da população. Desta maneira, os reis começaram a pagar generosas recompensas para todo cavaleiro que matasse um dragão e trouxesse sua cabeça como prova. Matar um dragão da montanha não era tarefa fácil, devido principalmente ao hostil ambiente onde viviam e sua capacidade de voar e cuspir fogo. Ao longo dos anos, diversas estratégias foram traçadas, sendo uma delas a mais cruel, porem efetiva. Antes do grupo de soldados de confiança do cavaleiro, um grupo de camponeses ia na frente, geralmente camponeses afundados em dívida, nos quais a presença nesta expedição seria recompensada com o seu perdão financeiro. Estes camponeses serviam como bodes expiatórios para acabar com o estoque de hidrogênio da câmara de voo do dragão, impedindo-o de voar e cuspir fogo. Quando isso acontecia, o cavaleiro e seus soldados avançavam para então matar o dragão. Os poucos camponeses que sobreviviam eram aqueles sortudos o suficiente para o estoque de hidrogênio do dragão acabar antes de serem torrados.


Estas expedições praticamente causaram a extinção dos dragões da montanha. Os poucos indivíduos que restaram se mudaram das montanhas para os diversos cantos do planeta, onde não se ouviram mais falar deles. Há boatos de espécies de dragões vistas no deserto do Saara e no coração da floresta amazônica, porem se ainda existem dragões entre nós e se alguma outra espécie de dragão surgira após a evacuação das geladas montanhas romenas é um mistério que só o tempo e novas pesquisas nos dirão.


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As teorias e discussões foram baseadas em um documentário muito legal da Discovery chamado "Dragon's World - A fantasy real made". Link para documentário completo:

https://www.youtube.com/watch?v=8FIDeOOL52Q&t=1615s

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